domingo, 2 de dezembro de 2007

Homenagem a ti - Tia Chona!

Durante a minha estadia em Cuba, conheci alguém muito especial! Alguém com uma força extraordinária, tendo em conta todos os precalços que teve durante a vida. Alguém que conseguia provocar uma gargalhada em uníssono, com as suas anedotas e cantares 'picantes'! Alguém que transmitia com o seu olhar uma mor eterno, e uma nostalgia de uma vida com desgostos e saudades maternais.

Tia Chona, vestia de branco, dizia ela, para esconder a tristeza que a acompanhava! À muito que não sabia de seu filho. Saindo do país, e sediando-se em Espanha, este nunca mais tentou um contacto, ao menos para dizer a sua mãe que se encontrava de saúde. Foram várias as tentativas por parte do Orli, e uma vez que se encontrava mais próximo, em saber noticias dele, mas em vão!

Quando a conheci, senti que já a conhecia à décadas. Senti que fazia parte de uma familia à qual eu também pertencia. Por sorte, encontrava-se a passar uns dias no campo, em casa de Sena, irmã de Orli, pois caso contrário dificlmente a conheceria. Apesar de o seu tempo de estadia estar a chegar ao fim (coincidindo quase com a nossa partida para Portugal), ela fez questão de ficar até nós partirmos!!

Ainda me lembro:'Tia Chona, não vá ainda...fique até nós irmos para Portugal! - ela respondia: 'Mi hijo...non puedo, tengo mi hermana que me necessita!'
Imaginem, com a sua idade, de bengala, fraquita, preocupada com a sua irmã que é invisual, e fazia questão de a auxiliar sempre que podia!
A festa que me organizaram, sem eu saber, teve a participação activa dela! Foi ela que escolheu as brincadeiras para a noite (umas cuecas esburacadas e uma meia rota), e o embrulho do presente - uma folha de malanga!
Na minha partida, ao despedir-me ela disse-me:'Oh, hijo mio...non te voy a ver más!!'Eu respondo:'Non diga isso Tia Chona...todavia voy a ver-la quando volver...!Ela:'Non hijo, yo sé que me voy temprano...pero hacemos una cosa...si yo me voy para cerca de Dios, yo te voy a visitar, y tendrás un siñal mio!!' Eu agarrei-me a ela, e a chorar disse que estaria atento, e que gostava muito dela - era como se fosse a minha avó!
Foi uma ligação muito forte. Passei muitas horas ouvindo as suas histórias, e partilhando da sua boa disposição. Apesar de tudo, sempre tinha um osrriso e uma palavra amiga para aquele que se aproximava!
Nas noites de 28, 29 e 30 de Outubro, sonhei muito com ela. Acordei com uma sensação de nostalgia, e saudade intensificadas. Noticias directas só temos via email, através de uma prima de Orli, ou por correio, que se recebe ao fim de 15 dias de ser escrita, ou ainda por um telefonema que o Orli faz mensalmente ao dia 03. Por azar, não realizou esse telefonema, e numa tarde de domingo (11/11), ao aceder ao email, recebo a noticia - a tia Chona tinha partido dia 29 de Outubro!

Chorei muito. Estava sozinho, e era o 1º a saber a noticia. teria de transmitir ao Orli. E nesse momento tudo se clareou na minha mente - os sonhos com tia Chona, eram os sinais dela - ela veio visitar-me, tal como tinha prometido!
A ela dedico este pedacinho!
Tia Chona,
Estejas onde estiveres, quero reforçar udo aquilo que te disse, aquando a minha ida à tua terra magnifica: amei conhecer-te! Amei sentir o teu carinho! Amei ouvir as tuas cantorias! Amei sentir que tinha ganhado uma avó, que estava pronta a dar-me todo o carinho mais sublime deste mundo!
Quando sonhei contigo, senti que algo se passava, mas preferi ignorar...não queria que fosse possível! Queria ao menos que conhecesses a minha mãe - a quem tu mandaste um terço como presente, e que ela amou! Queria que transmitisses um pouco da tua fé pela vida, apesar de todos os contratempos que passaste! Queria que ensinasses a minha mãe a lidar com o sofrimento, e se vestisse de branco, como tu fazias!
Minha querida, sinto que subiste! Sinto que estás em paz! Sinto que, agora já tens conhecimento de tudo o que se passa! Sinto que já sabes onde se encontra o teu filho! Sinto que, ainda nos vamos cruzar um dia, ou talvez, receba um sinal mais evidente teu!
A ti, eu envio muita luz! Desejo, e peço a todos os seres de luz, que te guiem nessa jornada! Desejo que um dia, algures, sinta uma brisa suave, e perceba que me dizes: 'Hijo, estoy en paz!'
Com eterno carinho, e para todo o sempre - descansa em paz!

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

O meu 1º dia em Cuba!

Após quase duas horas e meia de viagem,numa estrada solitária e escura, aproximamo-nos do 'Cruzeiro de los Alvarez', local onde vive a familia de Orli!
A cidade mais próxima é Cólon,que fica a 13 km, provincia de Matanzas.

Não queria acreditar quando chegámos a esta modesta casita. No seu pátio, estava toda, e digo TODA a familia de Orli, esperando por nós!Já eram cerca das 2:30h da manhã, e desde os mais pequenos até aos mais graudos, todos desejavam abraçar-nos e ver-nos.

Orli já não ia a Cuba á cerca de ano e meio! Eu era a 1ª vez! Mas, meus amigos, a recepção foi fabulosa!Senti-me imediatamente em casa, como se tivesse regressado às origens!Um sentimento puro, forte, e muito verdadeiro! Apenas me preocupava em que eles me entendessem, e que saberia rapidamente o nome de cada um. Apesar de já ter falado com eles pelo telefone, de Portugal, lidar com eles ao vivo, e devido á familia numerosa, seria mais dificil identificá-los sem erro!

Após esta recepção, deitámo-nos. A minha 1ª vez com mosquiteiro! Acordámos logo pela manhã - 07:00h. O calor, não nos deixava ficar muito tempo na cama. E a ansiedade de ver Cuba á luz do dia, não me deixava sossegado!!!

Ao acordar disse para mim mesmo:'Joaquim, estás em Cuba.Um sonho que se tornou realidade, portanto cada minuto, cada segundo vais vivê-lo intensamente, e sem reservas!' Assim foi...
Ao pequeno almoço-pão semi seco, e leite com chocolate- fez-me lembrar de tempos antigos no alentejo em que minha avó molhava o pão no leite com chocolate.Porque não fazer o mesmo? E fiz!

O leite era da vaca do vizinho, que ainda pertencia à familia. Ao acordar pôde observar a ordenha enquanto lavava os dentes na pia do pátio das traseiras!Numa sintonia perfeita, as galinhas balançavam os seus rabiosques, cacarejando o seu bom dia!Sentia-me em casa!!!

O próximo passo, e após o pequeo almoço seria conhecer toda a familia, e as respectivas casas!
Esta casa da foto, é dos pais de Orli, foi nela que ficámos!A olhar para ela neste momento, as lágrimas enchem os meus olhos de saudade!

Muita emoção...


Ao aterrar em Havana, o meu coração bateu mais forte! na ansiedade de ver quem nos esperava, e na forma como atravessar a alfândega sem problemas!
Após quase duas horas esperando as malas, dirigimo-nos até à zona da alfandega, e o inesperado aconteceu - fui 'desviado' para fiscalização das malas!
Como sabem, uma ida a Cuba significa levar sempre muitos bens essenciais que julgamos necessários aos cubanos!Entre estes bens, levámos um fogão de placas para a mãe do meu amigo Orlando. Após várias revistas, eles decidiram, perante a nossa admiração, e desgosto, abrir as malas, e tirar tudo para fora! Não imaginam o nervosismo.
O meu amigo Orlando, habituado a estas andanças, começou a enervar-se,e falando um pouco mais alto, foi 'encaminhado' pelos seguranças até outra parte distante da zona onde eu estava. Eu senti-me impotente, mas decidi enfrentá-los com a cabeça erguida-afinal era um turista!
Após todas as pesagens, todas as revistas, decidiram que tinhamos que pagar 150€ pelo peso das malas. Digo 'decidiram' porque não existia uma tabela por onde se guiassem. Eles esperavam negociar conosco, na tentativa de ganaharem algum dinheiro extra! Para não falar no fogão que ficou retido na alfandega, pelo qual recebi um papel para o poder levantar no dia de regresso!
Uma etapa estava para trás.Finalmente, e após tantos sonhos, eu estava a pisar o solo de Havana!!Sentia-me muito feliz, emocionado, mas devido á viagem, ao nervosismo e ao stress estava esgotado, com fome, e com pouca paciência!
Dirigimo-nos para a porta - esperávamos encontrar a familia de Orli à nossa espera, mas nada!Ninguém esperava por nós. Eram 22h em Cuba, o aeroporto estava quase vazio...só tinhamos duas opções: ou esperar mais tempo, e aproveitar para comer alguma coisa, ou apanhar um táxi até Cólon que ficava a 200 km de distância!
Após a ida á ao Wc, e ao bar, dirigimo-nos até á porta. Somos abordados por vários taxistas que tentam vender os seus serviços. Preferimos esperar um pouco mais...
Ao levantar os olhos, vejo 3 pessoas na nossa direcção. Vejo uma Srª frágil,magrinha, mas resplandecendo amor, estendendo os seus braços em direcção ao seu filho - era Eugénia, mãe de Orli!
Entrámos para a 'máquina russa', e seguimos até Cólon, uma viagem de duas horas!
Eram as minhas primeiras emoções em Cuba - terra do Fidel!

A minha chegada...